O Reforço Positivo e a Análise do Comportamento Aplicada (ABA)

O Reforço Positivo e a Análise do Comportamento Aplicada (ABA)

Nos últimos anos, temos observado um aumento significativo no número de diagnósticos de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Com isso, cresce também a presença desses alunos nas escolas, o que reforça a importância de uma educação verdadeiramente inclusiva — que ofereça suporte adequado para o desenvolvimento de cada um.

A Análise do Comportamento Aplicada, conhecida como ABA (Applied Behavior Analysis), é uma abordagem reconhecida por sua eficácia no acompanhamento de pessoas com autismo. Ela pode — e deve — ser utilizada também no ambiente escolar. Quando inseridas nesse contexto, terapeutas especializadas (assistentes terapêuticas) aplicam a ABA no ambiente natural da criança, como em casa ou na escola, promovendo avanços mais significativos e contextualizados.

Segundo Dailma Medeiros (2021), a inclusão escolar deve acontecer independentemente do grau de comprometimento cognitivo e social da criança, com o objetivo de reduzir a discriminação e estimular a socialização. O foco é possibilitar um desenvolvimento mais harmônico, respeitando as individualidades e os desafios de cada estudante.

Autonomia e Qualidade de Vida

O trabalho interdisciplinar é essencial no atendimento a pessoas com TEA. Psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e demais profissionais atuam em conjunto para promover autonomia e independência, sempre com foco na qualidade de vida — não apenas da criança, mas também de sua família.

A própria ABA tem como objetivo central a conquista dessa autonomia. Isso é feito através de estratégias estruturadas que ajudam a construir novos comportamentos, substituir padrões desadaptativos e fortalecer a capacidade de interação e aprendizado da criança.

O Papel do Reforço Positivo

Dentro da ABA, uma das estratégias mais eficazes é o uso de reforçadores — estímulos que aumentam a chance de um comportamento desejado se repetir. Neste texto, vamos focar no reforço positivo: aquele que oferece algo agradável como consequência imediata de uma ação desejada.

Para ser eficaz, o reforço positivo precisa ser:

  • Imediato: aplicado logo após o comportamento esperado;
  • Condicional: só deve ocorrer se o comportamento realmente acontecer;
  • Variado e relevante: adequado à idade e interesses da criança;
  • Natural e prático: fácil de aplicar no dia a dia da escola ou da casa.

Tipos de reforçadores positivos:

  • Sociais: elogios, sorrisos, aplausos, cócegas;
  • Primários: alimentos preferidos, como um doce ou um suco;
  • Tangíveis: brinquedos ou recompensas negociadas previamente, como tempo extra no parquinho ou acesso a um jogo.

É comum ouvir a preocupação de que a criança possa se tornar “dependente” dessas recompensas. No entanto, a própria ABA orienta a substituição gradual dos reforçadores artificiais por motivadores naturais — como o prazer de participar, o reconhecimento social ou a satisfação por completar uma tarefa.

A Importância do Ambiente Estruturado

Para que a ABA funcione de forma eficaz, é fundamental que o ambiente educacional esteja estruturado. Isso não significa rigidez, mas sim uma organização clara das rotinas, expectativas e estímulos. Ambientes bem estruturados facilitam a identificação de padrões de comportamento e ampliam as oportunidades de aprendizagem.

Como aponta Medeiros (2021), a estruturação permite que as contingências fiquem mais evidentes, o que ajuda a reduzir comportamentos de isolamento e favorece o desenvolvimento de habilidades sociais e acadêmicas.


REFERÊNCIA:

DA SILVA MEDEIROS, Dailma et al. As contribuições da Análise do Comportamento (ABA) para a aprendizagem de pessoas com autismo: uma revisão da literatura. Estudos Iat, v. 6, n. 1, 2021.

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